sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

PASTORAL DA JUVENTUDE: UMA ORGANIZAÇÃO CATÓLICA!?

Mais do que responder aos ataques violentos de quem não dialoga, é negritar a verdade daquilo que se vive em diversas comunidades eclesiais pelo Brasil. Assim, retornamos ao poço, lugar de encontro de Jesus e a Samaritana, para conversar um pouco sobre a Pastoral da Juventude (PJ), organização de jovens ligada a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.

Entre os dias 07 e 14 de janeiro de 2018, aconteceu uma das mais importantes atividades históricas da Igreja no Brasil e na América Latina: o Encontro Nacional da Pastoral da Juventude - ENPJ. Em sua 12ª edição, aproximadamente 500 participantes entre jovens, diáconos, padres, freiras, bispos e convidadas/os de outras igrejas cristãs e religiões armaram sua tenda novamente na Amazônia, mais precisamente em Rio Branco/AC, para refletir o tema “Txai: da Seiva da Vida, a Festa do Bem Viver” a partir da iluminação bíblica “Sou Eu que estou falando com você” do Evangelho de João 4,26. Reflexão, oração, celebrações, missão, romaria e outras atividades, fizeram do evento um marco na capital do Acre.

Foto: Larissa Oliveira | Fonte: Site da PJ Nacional

Não é novidade a perseguição violenta que se intensifica após os ENPJ, nem mesmo no anterior onde o Papa Francisco enviou uma carta à PJ por ocasião deste encontro. Aliás, a existência desta organização tem incomodado há muito tempo o interesse de conservadores e oportunistas que buscam concentrar o poder na mão de uns poucos, com a opressão de muitas/os. Por isso, a inspiração da Pastoral da Juventude encontra-se no Evangelho de Lucas 4,18-20: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”. Este mesmo trecho proclamado por Jesus, encontra-se no Livro de Isaías 61, revelando o sentido profético e ministerial da missão de Jesus que a PJ assume com coragem e alegria.

Nenhuma organização eclesial se mantêm viva sem espiritualidade, assim também a Pastoral da Juventude vive inspirada no amor de Deus que brota no coração das/os jovens. Na Celebração Eucarística, no Ofício Divino, na Lectio Divina (Leitura Orante da Bíblia), Romarias e outras vivências, a PJ cultiva uma mística encarnada na realidade, sobretudo das/os empobrecidas/as. Na circularidade, entoando músicas como “Pão de Igualdade”, “Nego Nagô”, “Nova Geração”, “O mesmo rosto”, rezando os salmos e demais orações da tradição cristã, partilhando o Pão e a Palavra, bebemos de uma água que cada vez mais sacia nossa sede.

Os grupos de base da PJ são poços onde o encontro com a/o excluída/o acontece, derrubando as barreiras sociais, sexistas, culturais, raciais, étnicas e religiosas. São centenas deles espalhados Brasil afora, transformando a vida de milhares de jovens em suas comunidades. Quantas/os destas/es não foram libertas/os da discriminação por encontrarem na PJ um espaço de acolhida e solidariedade? Quantas/os destas/es não saíram antes das estatísticas de suicídio e homicídio pela ação evangelizadora da PJ com elas/es? Quantas/os destas/es não estão desenvolvendo um excelente trabalho na Igreja e na sociedade graças a formação integral que a PJ desenvolve(u) com estas/es?

Não estamos falando com isso que a PJ é o único caminho, mas é uma das pastorais que tem sido terra fértil onde a semente-juventude tem brotado e gerado bons frutos (Sl. 64). Ela necessita sim de críticas (desde que construtivas) para que continue sendo a histórica novidade que faz com que as/os jovens não sejam apenas massa de manobra na mão dos poderosos, mas fermento na massa que contribui desde as decisões de sua comunidade até os rumos do país e do mundo. Desde os conselhos comunitários até as amplas instâncias políticas e eclesiais, a PJ tem sido referência por sua capacidade de diálogo e participação propositiva, sobretudo nas pautas direcionadas à juventude.

Na Pastoral da Juventude, as/os jovens são protagonistas que, inspiradas/os pelo Evangelho de Jesus Cristo, anunciam a boa notícia aos pobres, ou seja, apontam a justiça e a solidariedade como caminho de libertação que nasce da organização eclesial e popular, nos pequenos grupos e comunidades em defesa da vida das/os excluídas/os (negras/os, indígenas, mulheres, etc.). Na PJ, os grandes encontros não são apenas e-ventos, mas parte de um Processo de Educação na Fé, ou seja, um caminho pedagógico que nasce nas bases e desagua nas atividades massivas como os Encontros e Ampliadas que congregam mentes e corações, conscientes e apaixonadas/os de seu compromisso com o Reino.

Óbvio que, como em qualquer coletivo juvenil, nem todas/os as/os jovens que fazem essa experiência, permanecem firmes na PJ, mas nem por isso ela perde sua razão de existir. E que bom que temos outras expressões de juventude na Igreja e na sociedade (JUFRA, Magis, AJS, GEN, etc.) que têm sido sinal de esperança para esse público que vive e quer viver. Afinal, ser católico também é isto: viver na universalidade, respeitando a diversidade para que todas/os sejam um (Jo 17,21). 

A possibilidade de dialogar com outras expressões de fé e conhecimento não nos faz menos católicas/os. “Estas diferenças fazem parte do plano de Deus que quer que cada um receba de outrem aquilo que precisa e que os dispõem de ‘talentos’ particulares, comuniquem os seus benefícios aos que deles precisam. As diferenças estimulam e muitas vezes obrigam as pessoas à magnanimidade, à benevolência e à partilha: e incitam as culturas a enriquecerem-se umas às outras” (Catecismo da Igreja Católica, 1937).

“Toda a espécie de discriminação relativamente aos direitos fundamentais da pessoa, quer por razão do sexo, quer da raça, cor, condição social, língua ou religião, deve ser ultrapassada e eliminada como contrária aos desígnios de Deus” (Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral Gaudium Et Spes, 29: AAS 58 [1966]1048-1049). Portanto, num país que a cada seis horas uma mulher é assassinada por um homem de suas relações íntimas, a Campanha Nacional de Enfrentamento aos Ciclos de Violência Contra a Mulher é uma necessidade evangélica assumida pela Pastoral da Juventude para que todas/os tenham vida em abundância. É uma ação que resignifica a masculinidade e reforça o profetismo das mulheres que juntas com Maria entoam o Magnificat (Lc. 1,46-56).

Não é tempo de ficar triste ou com medo do que alguns tentam ameaçar, pois ser perseguida/o também faz parte da/o vida do cristã/o e da história da Igreja. É momento de se alegrar com o que a Pastoral da Juventude tem feito, sobretudo na formação integral de jovens e no combate a violação de seus direitos. Não desanime se há quem duvide ainda da catolicidade da PJ, sobretudo de quem não viveu esta experiência ou não compreendeu sua proposta, pois o mais importante não é tanto o que se especula ou deturpa, mas o que de fato acontece em cada encontro semanal dos grupos de base, em cada ENPJ ou ANPJ, em cada celebração ou caminhada, em cada participação social nos conselhos e conferências, em cada missão jovem urbana ou rural, em cada passeio e festa... em todo canto que estiver uma PJoteira ou PJoteiro, ali estará um/a jovem católica/o consciente e atuante em sua missão!

quinta-feira, 20 de abril de 2017

CAMPANHA DA LUZ INCENTIVA A SOLIDARIEDADE COM A PASTORAL DA CRIANÇA NO PARÁ

A Pastoral da Criança, organismo de ação social da CNBB, dá continuidade a uma campanha de arrecadação de contribuições por meio da fatura de energia elétrica. A ação é popularmente conhecida como a “Campanha da Luz” e é feita nas comunidades pelas/os líderes e pessoas de apoio, buscando a adesão de colaboradores/as, que contribuam mensalmente, permitindo o investimento necessário nesta missão. 

A pessoa doadora define quanto será sua doação que será revestido na sua própria área ou naquela que escolher. Os recursos são aplicados na manutenção e ampliação de projetos já existentes.

Na Arquidiocese de Belém, está sendo incrementada inicialmente nas Regiões Episcopais Menino Deus, São Vicente de Paulo, Santa Maria Goretti e Santana, com a perspectiva de ampliar para as demais regiões episcopais, dioceses e prelazias do Estado. Para Irmã Maria Lucidrene, coordenadora estadual da Pastoral da Criança, “essa campanha possibilita a ‘autossustentabilidade’ deste serviço e a oportunidade de colaborar num trabalho que tem livrado muitas crianças da mortalidade infantil”. 

“Mais do que o valor financeiro, é o gesto de solidariedade que as pessoas assumem e vêem os resultados se concretizando nas ações dentro das comunidades”, destaca a coordenadora.

Cuidado com as crianças - A Pastoral da Criança, organismo de ação social da CNBB, tem acompanhado cerca de 73.304 crianças no Pará. Com a missão de promover o desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres. O público é assistido desde o ventre materno aos seis anos, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une fé e vida, contribuindo para que suas famílias e comunidades realizem sua própria transformação.

Segundo a coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Irmã Veneranda Alencar, esta é “uma pastoral evangelizadora, que vai ao encontro das famílias e crianças mais necessitadas, levando fé e muita esperança, orientando as mães para cuidem bem de suas crianças e assim teremos um Brasil melhor”. 

Irmã Veneranda acrescenta: “a fim de manter sua missão, a Pastoral da Criança precisa captar recursos financeiros e, para isso, tem um projeto com algumas companhias de energia de vários Estados, entre eles o Pará”.

quinta-feira, 2 de março de 2017

INDIVÍDUOS E INSTITUIÇÕES

As relações entre as instituições e indivíduos precisam ser de cuidado. Quem as constrói são pessoas que cuidando de outras, também precisam ser cuidadas.

Paixão pode até gerar flores, mas amor também gera frutos. Como vamos espalhar sementes do bem se não cultivamos as árvores para que dêem bons frutos?

Além disso, você já viu alguma árvore nascer de cima pra baixo? Assim também as relações. Engana-se quem quer estabelecer harmonia com "poder sob" ao invés de "poder com".

Por fim, a economia não está acima da vida. Claro que muito do que fazemos hoje depende de verba, mas sem uma sustentabilidade política e técnica, o que será de uma gestão de recursos? Como manter efetividade sem afetividade?

sábado, 18 de fevereiro de 2017

NÃO CONFUNDA!

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral da camisinha"
Afinal, o preservativo não suportaria toda nossa integralidade.

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral do moralismo"
Afinal, nossa intenção é ser "menos tribunal e mais hospital".

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral do aidético"
Afinal, não dá pra combater a epidemia com discriminação.

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral de eventos"
Afinal, nenhum passo faz sentido desatrelado do caminhar.

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral do ativismo"
Afinal, nossa ação se alimenta na oração e reflexão.

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral de soropositivos"
Afinal, enfrentar o HIV, independe da condição sorológica;

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral do assistencialismo"
Afinal, mais do que a dependência é promover a autonomia;

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral da medicalização"
Afinal, mais do que tratar é favorecer a integralidade do cuidar;

Não confunda Pastoral da Aids com "pastoral da doença"
Afinal, não é a perspectiva de morte que nos move, mas de vida.